Urgente, a crise da carne exige um próprio porta-voz, por José Luiz Tejon s2k62

Publicado em 20/03/2017 11:37
José Luiz Tejon Megido, Conselheiro Fiscal do Conselho Científico Agro Sustentável (CCAS) e Dirige o Núcleo de Agronegócio da ESPM.

Aconteceu. O fiscal agropecuário federal Gouvea, insatisfeito com o que acontecia no seu trabalho, delatou e entregou um esquema para a polícia. O sindicato dos auditores e fiscais agropecuários já se pronunciou como tendo sido, também, responsável por essa entrega!  303h1i

Outros segmentos da carne se manifestam. E as próprias empresas mencionadas publicam seus manifestos. O Ministro Blairo Maggi fala do soco na nossa imagem. Enfim, o que fica evidente nesta inesperada e mega surpreendente crise que o agronegócio e o Brasil não precisavam é a ausência de governança e de gestão da cadeia produtiva. Aliás, o conceito filosófico da gênese do agribusiness em Harvard nos anos 50, professores Ray Goldberg e John Davis. 

O que precisamos urgente é de um porta-voz da crise. Um fundamental comitê de gestão da crise. E que todas as informações e o verdadeiro tamanho e dimensão do real problema fiquem limitados ao seu espaço, e não amplificados pela comunicação ou pela manipulação de interesses predadores ou detratores dos interesses do país. A competição global vai tirar imenso proveito do fato, os consumidores da carne brasileira levaram uma chifrada de desconfiança. O que era sadio ficou com percepção de insalubre. Enfim, realidade continua sendo aquilo que é percebido. A arte da venda continua sendo a de criar percepções futuras e entregá-las ligadas por um fio umbilical que jamais pode ser desligado do sonho de não ser sonho e sim, realidade. E como Raul Seixas disse: “sonho que se sonha junto é realidade, sonho que se sonha só é só sonho”. Eu só mudaria o final: é só ilusão. 

A cadeia produtiva inteira da proteína animal levou uma veemente pancada. Impossível negar. E nesse curral caímos todos. O antes, o dentro e o pós-porteira das fazendas. Como separamos o joio do trigo">

Talvez seja impossível separar essa mistura que uma vez misturada, turve o copo, assim como uma gota de mercúrio cromo numa taça de água cristalina, o manche inevitavelmente!

Mas, crises existem, sempre existirão e esta é somente mais uma. Aprender com ela, enfrentar de frente e saber gerenciar esta crise, pode significar um extraordinário salto na orquestração e liderança do agronegócio brasileiro da proteína animal, que come e consome o outro agro, o vegetal, e que nos tem trazido riquezas para o país e abastecimento seguro para o cidadão brasileiro.

Mas, a hora agora é a de termos um comitê interdisciplinar e reunindo todos os elos da cadeia produtiva (menos aquela que já esta na cadeia, na outra, na da lei), e criarmos uma central de reunião e integração dos dados e dos fatos. E, sim, um ser humano, um porta-voz ou uma porta-voz que tenha credibilidade e independência para poder significar um símbolo de ética e de respeito, no mar das lamas nacionais, feridas expostas a céu aberto da corrupção e fraqueza de caráter. Das carnes fracas, precisamos ver surgir as carnes fortes elevadas com a alma legítima da evolução.

Podemos fazer e podemos sair dessa crise fortes e muito melhores do que antes. Assim espero e assim o Brasil pode e deve agir. Qual Brasil? O nosso país, o nosso Brasil, claro. Meu, seu e de gente que, aos trancos e barrancos, o tem construído, lutado e vencido. Cooperação dos bons. A hora é agora. Presidente Temer mande imediatamente constituir um comitê de gerenciamento da crise, e mande eleger um porta-voz. Eu, recomendaria "uma porta voz".

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Fonte: CCAS

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