Dólar sobe com debate sobre reflação e ruídos domésticos 25701u

Publicado em 17/02/2021 14:10

3c30x

O dólar se afastou das máximas da abertura, mas ainda subia contra o real nesta quarta-feira, com os negócios influenciados pelo rali global da moeda norte-americana e pelo desconforto de players acerca das tratativas para volta do auxílio emergencial em meio a risco de ingerência política em preços de combustíveis.

O dólar à vista subia 0,42%, a 5,3966 reais na venda, às 13h34. O mercado abriu às 13h depois de dois dias fechado pelo feriado bancário durante o Carnaval.

O tema que tem mexido com a dinâmica dos mercados no exterior é o "trade" de reflação, discussão alimentada pela percepção de que um caminhão de estímulos monetários e fiscais pode em algum momento gerar pressões inflacionárias, o que eventualmente poderia levar o Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) a retirar parte do e concedido aos mercados para enfrentamento da crise causada pela pandemia.

O Fed divulgará às 16h (de Brasília) desta quarta-feira a ata de sua última reunião de política monetária.

Dados mostraram nesta manhã que os preços ao produtor dos EUA avançaram em janeiro à maior taxa desde 2009, sugerindo que a inflação nas portas das fábricas está começando a subir. A inflação no Reino Unido também acelerou em janeiro.

Uma inflação mais alta tende a aumentar os rendimentos dos Treasuries, fortalecendo, assim, a atratividade do dólar perante rivais. A taxa do Treasury de dez anos, referência global para a renda fixa, bateu nesta sessão o maior patamar em um ano.

O índice do dólar contra uma cesta de rivais subia 0,3%, para máximas desde o começo da semana ada. Moedas emergentes pares do real se desvalorizavam, com destaque para peso mexicano (-0,2%), peso colombiano (-0,45%) e rublo russo (-0,6%).

"Contrariando o consenso, esperamos que a reflação global seja menos que um vento a favor para a América Latina em relação a episódios ados de forte crescimento", disseram estrategistas do Morgan Stanley em nota.

"Vemos riscos assimétricos para os juros reais nos EUA e o dólar. Baixo 'carry', fraca posição fiscal e baixa produtividade fazem da América Latina o link fraco nos mercados emergentes", acrescentaram.

No Brasil, o cenário para as contas públicas segue no radar dos agentes, em meio a riscos de que uma volta do auxílio emergencial ocorra de forma a ameaçar o teto de gastos --considerado a âncora fiscal do país neste momento. Além disso, investidores voltavam a colocar nos preços algum ruído sobre medidas do governo voltadas aos caminhoneiros.

Segundo a Guide, o presidente Jair Bolsonaro prometeu na véspera outra novidade que pode reduzir o preço do óleo diesel e que o governo também discute possíveis alterações que abrirão o caminho para mais benefícios sociais destinados aos caminhoneiros. Os mercados sentiram recentemente o impacto negativo de declarações semelhantes feitas pelo presidente.

"A atenção dada aos caminhoneiros é bem-vista pelo mercado por afastar a possibilidade de uma nova paralisação, mas parte dos investidores ainda teme que as tentativas do governo de agradar a categoria possa resultar em uma interferência na política de preços da Petrobras ou políticas que acentuem o endividamento público, apesar das declarações do presidente que negaram ambas as possiblidades", disse Victor Beyruti, economista da Guide.

Fonte: Reuters

NOTÍCIAS RELACIONADAS 236gw

Ibovespa fecha em queda pressionado por bancos; Suzano sobe após t-venture
Dólar fecha abaixo de R$5,60 pela 1ª vez no ano com impulso do exterior
Telefonema entre Trump e Xi Jinping faz dólar cair e mercado segue atento aos dados da economia americana
Superávit comercial do Brasil fica abaixo do esperado em maio com maior importação, venda de aves recua com gripe aviária
Trump diz que acordo comercial com Pequim está em "boa forma" e que visitará a China
Wall Street cai com perdas da Tesla e os investidores e foco em dados sobre empregos