Ime entre instituições trava divulgação do Consecana-SP e deixa mercado de cana em como de espera 1a1e3l

Publicado em 12/05/2025 14:27 e atualizado em 12/05/2025 16:32

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No meio do ano ado, a União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica) e a Organização de Associações de Produtores de Cana do Brasil (Orplana) firmaram um acordo com o Centro de Estudos do Agronegócio da Fundação Getúlio Vargas (FGV Agro) para revisar o índice Consecana-SP — referência utilizada para a formação dos preços médios dos produtos derivados da cana-de-açúcar no estado de São Paulo.

Criado em 1999, o Consecana-SP surgiu com a constituição do Conselho dos Produtores de Cana-de-Açúcar, Açúcar e Etanol do Estado de São Paulo, que reúne representantes da indústria e dos produtores da região canavieira mais produtiva do país. De acordo com o próprio conselho, a tabela de preços deveria ser atualizada a cada cinco anos. No entanto, com o início do novo ano-safra em maio, ainda não há definições atualizadas, o que tem gerado insegurança entre os agentes do setor quanto à precificação.

Em abril deste ano, a FGV Agro confirmou, por meio de nota oficial, que o estudo de revisão foi concluído e entregue às partes envolvidas. A partir disso, instaurou-se um ime: de um lado, a Orplana afirma que o material ainda carece de ajustes técnicos antes de sua divulgação oficial; de outro, a Unica considera o estudo finalizado e pronto para ser implementado. No centro dessa divergência estão produtores rurais, fornecedores de cana e arrendatários, que aguardam a atualização dos parâmetros, uma vez que a última revisão ocorreu em 2018.

José Guilherme, CEO da Orplana, ressalta que o estudo da FGV foi extenso e tecnicamente complexo. Para que ele possa ser divulgado e implementado, é necessário o consenso entre as partes. Segundo ele, ainda há pontos do estudo que carecem de maior clareza técnica para garantir segurança na adoção dos novos parâmetros.

“A revisão atual segue um rito previamente acordado, e estamos justamente na etapa de análise técnica do material. Para isso, foi formado um grupo de 8 pessoas responsáveis por avaliar e validar a proposta. Essa etapa ainda não ocorreu e a Unica entende que não é necessária, considerando o estudo pronto. No entanto, todo o processo foi formalizado em ata de Conselho e essas etapas devem ser respeitadas”, explica.

José Guilherme reforça a urgência da revisão, especialmente diante do cenário de aumento nos custos de produção para produtores e fornecedores. “Os últimos oito anos foram positivos para as usinas, mas não para os produtores, especialmente os pequenos e médios. Muitos enfrentam dificuldades de gestão e prejuízos recorrentes, criando um desequilíbrio na cadeia. Por isso, defendemos uma atualização técnica, clara e transparente, que reflita a realidade do campo”, argumenta.

Por sua vez, Evandro Gussi, CEO da Unica, argumenta que o estudo possui a chancela da FGV Agro, o que atesta sua qualidade técnica e independência. “Quando anunciamos a revisão, no ano ado, ficou definido que a FGV seria a instituição técnica e neutra responsável pelo trabalho, com o objetivo de aplicar os novos parâmetros já na safra 2024/25. O estudo foi entregue e concedeu-se um prazo de 60 dias para análise, mas só agora se questiona sua consistência técnica. Fazer isso é desrespeitar a instituição e o acordo firmado, além de comprometer a previsibilidade que os fornecedores precisam. Solicitamos o apoio da cadeia neste momento para restabelecer a governança e a operação do Consecana”, pontua.

Gussi destaca ainda o esforço da entidade para preservar a relação de interesse mútuo entre indústria e fornecedores, mesmo diante das indefinições. “A cadeia só se sustenta com equilíbrio entre as partes. Aceitamos a revisão do Consecana, mesmo que os resultados não agradem integralmente a indústria”, enfatiza.

O teor e o conteúdo do estudo permanecem confidenciais até que haja um consenso entre as duas partes. Enquanto isso, ambas as instituições reiteram estarem abertas ao diálogo e dispostas a apoiar indústrias e associações na construção de preços sustentáveis, que garantam a continuidade e o equilíbrio de toda a cadeia produtiva.

Por: Ericson Cunha
Fonte: Notícias Agrícolas

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