Brasil perde oportunidades em carnes sem novas habilitações pela China, diz BRF 585t6b
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Por Roberto Samora
SÃO PAULO (Reuters) - Sem novas habilitações de unidades frigoríficas pelos chineses desde o início da pandemia, o Brasil perde oportunidades e ainda enfrenta forte concorrência dos Estados Unidos, avaliou nesta terça-feira um executivo da BRF, maior exportadora global de frango.
"Tomara que consigamos avançar neste tema... A resposta mais prática para a pergunta é que perdemos oportunidades", disse o gerente-executivo de Relações Institucionais da BRF, Luiz Tavares, ao comentar questão sobre a ausência de habilitações de novas unidades brasileiras.
Ele ressaltou que o Brasil tem avançado com exportações, mas ao mesmo tempo ou a enfrentar a forte concorrência dos Estados Unidos, especialmente na carne de frango.
"Mas é importante contextualizar os Estados Unidos como grande potência do agronegócio. Estava desde 2015 suspenso para exportar aves à China devido à gripe aviária, e de uma hora para outra literalmente amos a ter os EUA ando o mercado chinês com mais de mil estabelecimentos habilitados, enquanto o Brasil está sem nenhum habilitação há praticamente dois anos", comentou.
Os comentários foram feitos durante evento online do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri) sobre perspectivas da estratégia Brasil-China no Agronegócio, reunião que também contou com outras autoridades.
"Está no mercado, altamente competitivo, a demanda é muito grande, e de repente surge do seu lado um dos maiores players globais, é complicado para exportadores brasileiros", disse Tavares, em referência ao avanço dos EUA no cenário internacional.
Em frango, a China não aparece entre os destaques das exportações do Brasil, diferentemente do que se a em carne suína. Em cortes bovinos, um recuo nos embarques brasileiros em maio foi puxado por menor demanda chinesa pelo produto nacional.
Segundo o executivo da BRF, o ideal seria que Brasil e China tivessem um acordo comercial entre os dois países, para que ambos pudessem avançar em "compromissos concretos".
Ele citou que ainda não há clareza sobre como será o relacionamento de China com a nova istração dos EUA, e que talvez seja este o momento de o Brasil se posicionar.
O embaixador do Brasil na China, Paulo Estivallet de Mesquita, comentou no mesmo evento que a "pandemia realmente" afetou o processo de habilitações de novos frigoríficos.
"Desde o início da pandemia o processo de aprovação foi suspenso. Já faz mais de um ano e meio que não temos aprovação de nenhum estabelecimento novo. Apesar disso, os estabelecimentos habilitados conseguiram ampliar as exportações", comentou ele.
Questionada sobre possível retomada da certificação e quantos frigoríficos poderiam ser certificados no curto prazo, a ministra conselheira de Assuntos Econômicos e Comerciais da Embaixada da China no Brasil, Shao Yingjun, disse que o Brasil é uma dos países com mais empresas habilitadas e citou o número de 102 unidades autorizadas a exportar à China.
Ela disse que os dois países estão trabalhando conjuntamente para promover o comércio e facilitar o intercâmbio de produtos, e que há algumas comissões responsáveis para avaliar o tema das habilitações. Mas não entrou em detalhes sobre movimentos concretos.
(Por Roberto Samora)