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Déficit de armazenagem no Brasil chega a 120 mi de toneladas e setor alerta para caos logístico e perdas bilionárias 5q4u1b

Publicado em 13/06/2025 08:13 e atualizado em 13/06/2025 16:15
País armazena apenas 70% da produção e está distante da meta recomendada pela FAO

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O avanço da produção agrícola brasileira tem sido constante, mas a falta de infraestrutura para armazenagem de grãos está se tornando um gargalo estrutural cada vez mais crítico. O déficit de armazenagem no país já atinge 120 milhões de toneladas, segundo o presidente da Abramilho, Paulo Bertolini. A situação tem levado o setor a alertar para um cenário de caos logístico, perdas de rentabilidade para o produtor e comprometimento da qualidade dos grãos destinados à exportação. 

“É uma preocupação grande porque o déficit de armazenagem geral de grãos no Brasil tem crescido todos os anos. Com uma safra boa, esse déficit fica ainda mais aparente e preocupante, porque isso gera quase que um caos logístico”, afirma Bertolini. 

Segundo a liderança, mesmo com recursos disponíveis via o Programa de Construção e Ampliação de Armazéns (PCA), os financiamentos não têm chegado aos produtores que mais precisam, os pequenos e médios agricultores. 

“Os agricultores não têm conseguido alcançar esses recursos. Os bancos impõem restrições e dificultam o o. As empresas têm pedidos, mas os financiamentos não andam”, diz Bertolini. 

A crítica se estende ao modelo de armazenagem centralizado. Apenas 15% da capacidade está dentro das propriedades rurais. Isso, segundo o presidente, encarece o custo logístico e prejudica principalmente a cultura do milho, que tem menor valor agregado e maior volume por hectare. 

A Abimaq (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos) estima que seriam necessários ao menos R$ 15 bilhões por ano em investimentos somente na área de armazenagem para reduzir o déficit e permitir que o país acompanhe sua própria produção, que segue em trajetória de alta. Para a safra 2024/2025, a estimativa da Conab é de 322 milhões de toneladas de grãos, volume que pode crescer com o aumento da produtividade e da área plantada. 

No caso de Mato Grosso, a situação é particularmente preocupante. Segundo dados da Aprosoja MT, a produção de soja e milho deve alcançar 97,28 milhões de toneladas em 2025, frente às 86,26 milhões em 2024. No mesmo período, a capacidade de armazenagem cresceu pouco, indo de 50,8 para apenas 52,2 milhões de toneladas. 

“Esse é um problema que tem recebido pouca atenção neste momento e vai chegar uma hora que teremos um problema sério. A produção segue crescendo e a capacidade de armazenagem não acompanha. Isso é insustentável”, alerta o vice-presidente da Aprosoja MT, Luiz Pedro Bier. 

“A partir desse mês, vão começar a noticiar, como fazem todos os anos, milho sendo armazenado a céu aberto, sendo jogado a céu aberto, principalmente no Centro-Oeste, em especial no Mato Grosso, porque não existe espaço suficiente para armazenagem”, pontua Bertolini. 

Segundo Bier, a única solução de longo prazo é o produtor ter capacidade de armazenar na lavoura, o que exige uma política de financiamento adequada. “Mais de 50% da capacidade de armazenagem no estado está nas mãos de tradings. Precisamos de menos juros e uma operação mais desburocratizada”, afirma. Ele destaca ainda que a Aprosoja tem trabalhado nos últimos anos para viabilizar a construção de silos nas propriedades, mas alerta que o setor de construção de armazéns não tem estrutura para atender à demanda atual no ritmo necessário. 

“Seria necessária uma força-tarefa do Estado brasileiro, com juros baixos e estímulo ao setor de construção de armazéns. Hoje, a FAO recomenda 150% de capacidade sobre a produção. Para o Mato Grosso, isso significaria 150 milhões de toneladas, ou seja, triplicar o que temos hoje. Esse é um número sonhado, mas hoje fora da realidade. Se tivermos, pelo menos, a capacidade de armazenar o que colhemos já seria um bom começo.” 

Segundo o Vice-presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), José Mário Schreiner, a estrutura de armazenagem instalada no país atualmente é capaz de estocar apenas 70% da produção nacional, enquanto a FAO recomenda mais de 130% para garantir segurança alimentar, estabilidade de preços e eficiência no escoamento.  

Outro ponto apontado pelos especialistas é que, no Brasil, a concentração de armazéns de cooperativas e grandes tradings reduz a autonomia. “O aumento da capacidade de armazenagem de grãos e cereais é o ingrediente para o Brasil melhorar a qualidade do produto para exportação e garantir que o agricultor tenha fluxo de caixa, não forçando-o a vender em período de baixa por não ter onde guardar sua produção”, reforça a Abimaq. 

Para Bier, a armazenagem ultraa o aspecto comercial e é uma questão de segurança nacional. “A armazenagem é um ponto fundamental para a comercialização, mas mais do que isso é uma questão de soberania nacional. Se tivermos qualquer problema em portos ou com guerras não vamos ter onde armazenar. Existem os problemas da porteira para dentro, que auxilia na comercialização, mas o maior problema é o do Estado. Quem não armazena o que produz fica à mercê de intempéries”, afirma. 

Diante desse cenário, o setor produtivo pede urgência ao governo federal para reformular a política de armazenagem, garantir o real ao crédito rural e estimular a construção de estruturas nas fazendas. Caso contrário, o Brasil corre o risco de perder competitividade, comprometer a qualidade de exportação e seguir forçando seus produtores a vender na baixa. 

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Por:
Guilherme Dorigatti
Fonte:
Notícias Agrícolas

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2 comentários 4yb6u

  • Henrique Afonso Schmitt blumenau - SC 13/06/2025 09:06 17zn

    Um governo que não busca o equilíbrio entre o gasto e o investimento dá nisso: VAI GERAR O CAOS. CAOS NA ARMAZENAGEM DE GRÃOS... CAOS NA INFRAESTRUTURA DE ESCOAMENTO...CAOS NOS PORTOS...CAOS...CAOS...CAOS...

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  • LEANDRO M GRANELLA GETÚLIO VARGAS - RS 13/06/2025 08:44 6p1h64

    Dinheiro para PÉ DE MEIA E VALE GÁS TEM, para subsidiar seguro agrícola, irrigação e armazenagem não, só aumento de juros e menores prazos,

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