Os analistas ponderam que as cotações têm sido pressionadas pelo início da colheita da segunda safra no Brasil. E, apesar da quebra da produção em função do clima mais seco em abril, a perspectiva é que sejam colhidas 52,90 milhões de toneladas, segundo dados oficiais reportados pela Conab (Companhia Nacional de Abastecimento). Em todo o estado de Mato Grosso, maior produtor do grão na safrinha, a colheita já está completa em 1,11% da área cultivada nesta safra, de acordo com o último boletim divulgado pelo Imea (Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária).
No Paraná, os produtores rurais já iniciaram a colheita do milho safrinha. Até o começo da semana, pouco mais de 1% da área plantada nesta temporada, ao redor de 2,2 milhões de hectares, havia sido colhida, conforme dados reportados pelo Deral (Departamento de Economia Rural). A perspectiva é que sejam colhidas ao redor de 12,1 milhões de toneladas do cereal nesta temporada.
"Ainda assim, a safrinha de milho deste ano já apresenta uma perda superior a 765 mil toneladas comparativamente a expectativa inicial de produção, que era de 12,9 milhões de toneladas. A perda, neste momento, está concentrada na região norte do estado onde houve uma estiagem severa no início do ano", informou o departamento em nota.
"Somente em junho, os produtores deverão colher cerca de 25 milhões de toneladas de milho, o que ajudaria a abastecer as indústrias brasileiras e acalmar o mercado. Os preços nos atuais patamares têm inviabilizado a produção de aves e suínos", diz Vlamir Brandalizze, consultor de mercado da Brandalizze Consulting.
Diante desse quadro, é consenso entre os analistas de que haverá uma redução nas exportações brasileiras de milho nesta temporada. "No atual contexto, precisaremos exportar menos produto para atender a demanda interna. Acreditamos que os embarques do cereal deverão ficar próximos de 25 milhões de toneladas neste ciclo. Porém, ainda não sabemos como ficará a questão dos contratos fechados anteriormente", explica Ana Luiza, analista de mercado da FCStone.
No entanto, os analistas ainda reforçam que a situação só será regularizada no Brasil com a chegada da safrinha em 2017. "Após a pressão da colheita é possível que os preços voltem aos atuais patamares praticados. Não teremos muita folga, esse é um problema que só será resolvido com a safrinha de 2017. E precisaremos de uma boa safra de verão, inclusive, é possível que haja uma recuperação de área na safra de verão, especialmente nos estados do Sul do Brasil, como Rio Grande do Sul e Santa Catarina", disse o consultor de mercado da França Junior Consultoria, Flávio França.
Bolsa de Chicago
Depois dos bons ganhos registrados no dia anterior, as cotações futuras do milho fecharam o pregão desta quinta-feira (2) com ligeira alta na Bolsa de Chicago (CBOT). Em uma sessão volátil, as principais posições da commodity finalizaram o dia com valorizações entre 0,50 e 1,50 pontos. O vencimento julho/16 era cotado a US$ 4,15 por bushel e o dezembro/16 a US$ 4,16 por bushel. Apenas o vencimento março/17, fechou em queda, de 0,25 pontos, negociado a US$ 4,22 por bushel.
"Nos últimos dois meses, as cotações futuras do milho registraram fortes valorizações em Chicago, um movimento decorrente das altas observadas nos futuros da soja e também dos números das exportações americanas. Temos nas últimas semanas, dados fortes de embarques e exportações de milho nos Estados Unidos", afirma a analista de mercado da FCStone, Ana Luiza Lodi. Nesta sexta-feira (3), o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) traz novo boletim de vendas para exportação.
Diante da quebra na safrinha de milho no Brasil, a projeção é que haja uma redução nos embarques do cereal nesta temporada. "E o país é o principal concorrente dos Estados Unidos nas exportações, com isso, a perspectiva é que essa demanda seja atendida pelo produto norte-americano", explica a analista. Ainda essa semana, a Anec (Associação Nacional dos Exportadores de Cereais) informou que os embarques de milho brasileiro deverão ficar próximos de 23 milhões de toneladas nesta temporada. A perspectiva era de exportação da ordem de 30 milhões de toneladas neste ano comercial.
Além da demanda, outro fator acompanhado de perto pelos participantes do mercado é o clima nos Estados Unidos. Apesar do plantio já estar concluído em 94% da área estimada, conforme dados oficiais do USDA, a preocupação com o tempo permanece. Isso porque, o replantio é inviável aos produtores americanos. Ainda no início da semana, o departamento divulgou que cerca de 72% das lavouras do cereal apresentam boas ou excelentes condições. De acordo com dados reportados pelo NOAA - Serviço Oficial de Meteorologia do país - as chuvas continuarão presentes em grande parte do Corn Belt, no período de 2 a 7 de junho.
"Ainda é muito cedo para falar dos impactos das chuvas, porém, se elas continuarem, poderemos ver algumas inundações no Meio-Oeste dos EUA e o replantio é inviável. Já estamos fora da janela ideal, mas, por enquanto, o que temos é o solo encharcado. A logo prazo, as previsões indicam um clima mais seco", disse o consultor de mercado da Brandalizze Consulting, Vlamir Brandalizze.
"Por enquanto, temos uma situação um pouco mais tranquila em relação ao clima nos EUA. Claro que essas informações estarão no radar dos investidores e devem influenciar o comportamento dos preços em Chicago", acredita Ana Luiza.
Confira como fecharam os preços nesta quinta-feira:
0 comentário 176t6r

Milho fecha 5ª feira em queda na B3 e em Chicago, em dia de ajustes e realização de lucros

IGC aumenta previsão da safra mundial de milho 2025/26 com leve revisão para Brasil

Radar Investimentos: comercialização da segunda safra de milho no Brasil avança lentamente

Clima adverso em regiões-chave de produção no mundo todo puxam preços do milho em Chicago e na B3

Em cenário de incertezas com gripe aviária, o Brasil pode colher recorde de 112,9 milhões de toneladas de milho na segunda safra, avalia Agroconsult

Agroconsult vê recorde para 2ª safra de milho do Brasil