Taxas dos DIs cedem após dados fracos dos EUA, mas temor fiscal segura movimento 403l

Publicado em 04/06/2025 16:48

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Por Fabricio de Castro

SÃO PAULO (Reuters) - As taxas dos DIs de curto prazo fecharam a quarta-feira com leves altas, enquanto as de longo prazo tiveram leves baixas, acompanhando parcialmente o forte recuo dos rendimentos dos Treasuries no exterior após a divulgação de dados fracos sobre a economia dos EUA.

A queda da aprovação do governo Lula, revelada pela pesquisa Genial/Quaest, acabou por segurar grande parte da pressão de baixa das taxas futuras, em meio ao temor do mercado de que o presidente adote medidas econômicas para recuperar a popularidade, pressionando ainda mais as contas públicas.

No fim da tarde a taxa do DI (Depósito Interfinanceiro) para janeiro de 2026 estava em 14,825%, ante o ajuste de 14,807% da sessão anterior. A taxa para janeiro de 2027 marcava 14,21%, em alta de 2 pontos-base ante o ajuste de 14,187%.

Entre os contratos longos, a taxa para janeiro de 2031 estava em 13,76%, ante 13,783% do ajuste anterior, e o contrato para janeiro de 2033 tinha taxa de 13,8%, em alta de 3 pontos-base ante 13,825%.

No início do dia a pesquisa Genial/Quaest revelou que 57% dos entrevistados desaprovavam o governo Lula em maio, o maior índice registrado para esse quesito no atual mandato. Em março, a desaprovação estava em 56% -- a variação em maio ficou dentro da margem de erro da pesquisa, de 2 pontos-percentuais para mais ou para menos.

A aprovação da gestão também oscilou dentro da margem de erro e ou de 41% na última rodada da pesquisa para 40% agora.

Na prática, os números sugeriram, na visão do mercado, que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva segue com dificuldades entre os eleitores, o que pode abrir margem para novas medidas que tentem resgatar sua popularidade antes das eleições de 2026.

Operador ouvido pela Reuters afirmou que, com a pesquisa, o mercado estava preparado para “tomar taxa” em função do receio de que o governo lance medidas populistas, que pesem no fiscal.

Os números econômicos fracos dos EUA, que pressionaram os yields, também colocaram as taxas dos DIs para baixo.

O Relatório Nacional de Emprego da ADP mostrou que foram geradas apenas 37.000 vagas no setor privado dos EUA no mês ado, depois de 60.000 em dado revisado para baixo em abril. Economistas consultados pela Reuters previam abertura de 110.000 postos, contra 62.000 em abril relatados anteriormente.

Já o setor de serviços dos EUA teve uma contração inesperada em maio. O Instituto de Gestão de Fornecimento (ISM) informou que seu índice de gerentes de compras (PMI) do setor não manufatureiro caiu para 49,9 no mês ado, a primeira queda abaixo da marca de 50 e a leitura mais baixa desde junho de 2024, contra 51,6 em abril. Economistas consultados pela Reuters previam que o PMI de serviços subiria para 52,0.

Os dados fracos elevaram a percepção de que o Federal Reserve caminha para cortar juros nos EUA, o que fez os yields caírem, puxando para baixo as taxas futuras no Brasil.

Logo depois do relatório da ADP, às 9h16, a taxa do DI para janeiro de 2028 atingiu a mínima de 13,60%, em baixa de 8 pontos-base ante o ajuste da véspera. No mesmo horário, a taxa do DI para janeiro de 2031 marcou a mínima de 13,68%, em queda de 10 pontos-base.

No restante da sessão, os temores em torno da situação fiscal do Brasil fizeram as taxas desacelerarem as baixas e voltarem para perto do equilíbrio em vários vértices da curva, numa sessão em que o dólar, depois de ceder mais cedo, também se recuperou ante o real.

Perto do fechamento desta quarta-feira a curva precificava 85% de probabilidade de manutenção da taxa Selic este mês, contra 15% de chance de elevação de 25 pontos-base. Atualmente a taxa básica está em 14,75% ao ano.

No mercado de opções de Copom da B3, a precificação na terça-feira -- atualização mais recente -- era de 59,00% de probabilidade de manutenção da Selic em junho, 39,00% de chances de alta de 25 pontos-base e 1,75% de possibilidade de elevação de 50 pontos-base.

Pela manhã o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, participou de evento em São Paulo, mas tratou apenas de inovações relacionadas ao Pix, e não de política monetária.

Em Brasília, as negociações em torno das medidas fiscais que podem substituir as elevações do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) seguiram no radar. Mais cedo a Reuters informou que o governo vai negociar com lideranças partidárias uma revisão nos gastos com o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb) e cortes em incentivos tributários, segundo fontes a par das tratativas.

De acordo com três fontes do governo, o foco central do pacote é avançar “com força” na redução de benefícios tributários.

No exterior, às 16h40, o rendimento do Treasury de dez anos --referência global para decisões de investimento-- caía 10 pontos-base, a 4,363%.

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Fonte:
Reuters

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