Clima favorável no EUA, guerra comercial e boa comercialização no BR pesam sobre a soja em Chicago nesta 4ª feira 6l1r71

Publicado em 30/04/2025 16:51 e atualizado em 01/05/2025 08:38
Carla Mendes - Jornalista
Condições permitem ritmo acelerado dos trabalhos de campo no Meio-Oeste americano. No Brasil, preços ao produtor estão pressionados, porém, produtores ainda testaram novos negócios para cumprimento de compromissos financeiros.

3c30x

O mercado da soja fechou o pregão desta quarta-feira (30) no vermelho na Bolsa de Chicago, com baixas variando de 6,25 a 8,25 pontos entre os contratos mais negociados. Assim, o julho terminou o dia com US$ 10,44 e o setembro com US$ 10,15 por bushel. Os preços reagiram a uma combinação de fatores, os quais deverão ser pontos ainda bastante presentes no radar dos traders nos próximos meses. 

BAIXA NOS DERIVADOS 

Os futuros do grão acompanharam novas baixas do óleo de soja - que chegaram a perder mais de 2% ao longo do dia - e também do farelo, que fechou em queda, porém, com baixas mais tímidas. 

"Ainda não há sinais claros sobre a decisão das novas políticas de biocombustíveis nos EUA, trazendo incertezas se os programas de subsídios, como o 45z, serão mantidos no governo de Trump", explicaram os analistas de mercado da Agrinvest Commodities. 

GUERRA COMERCIAL

A continuidade da guerra comercial entre China e Estados Unidos e as declarações desencontradas de ambos os países - as duas maiores economias do planeta - mantêm os mercados tensionados, contaminando todas as commodities, não só a soja e nem só as agrícolas. A volatilidade permanece muito intensa e a China com sua demanda pela oleaginosa ainda concentrada no mercado brasileiro. 

"A oleaginosa lidera as perdas diante da forte contração do PMI industrial da China em abril, reflexo das tarifas americanas de 145%. O enfraquecimento da economia global e dos EUA, agravado pelas barreiras tarifárias, adiciona um viés negativo aos mercados de commodities", afirma o diretor geral da consultoria, Ginaldo Sousa.

CLIMA FAVORECENDO O PLANITO NOS EUA

"O clima nos Estados Unidos favorece a aceleração do plantio e o mercado agora se atenta a evolução da safra norte-americana", afirma o time de analistas da Pátria Agronegócios.

Os números trazidos pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) no início da semana mostravam 18% de área plantada, número acima da média das últimas cinco safras e indicando um bom avanço dos trabalhos de campo. 

E as condições de clima no Meio-Oeste norte-americano ainda se apresentam bastante favoráveis para as próximas semanas. O mapa abaixo mostra as chuvas previstas para os próximos sete dias nos EUA, com volumes mais intensos sendo esperados para o sudeste do país. 

Clima EUA - 300425 (2)
Chuvas esperadas para os próximos 7 dias nos EUA - Mapa: NOAA

Já no mapa seguinte, a previsão se dá para o período dos próximos 8 a 14 dias, com chuvas acima do esperado para a região oeste dos EUA - onde elas são, de fato, mais necessárias - e abaixo no leste. 

Clima EUA - 300425 (1)
Chuvas esperadas para os próximos 8 a 14 dias nos EUA - Mapa: NOAA

"O modelo GFS atualizado nesta tarde, aponta de modo geral, para os próximos 10 dias nos EUA, acumulados moderados a intensos no Texas, Arkansas e Oklahoma. Acumulados leves devem alcançar grande parte da região do Delta, o oeste do Kansas, sudoeste do Nebraska e partes do Missouri, Ohio e Illinois, enquanto o restante do Meio-oeste americano tende a enfrentar condições de seca", explica o diretor geral do Grupo Labhoro, Ginaldo Sousa.

FORÇA DA COMERCIALIZAÇÃO NO BRASIL

"No Brasil, o prazo 30/04 chegou e foi notado maior tentativa de negócios nesta reta final de mês. Conforme alertamos há semanas, já era esperado o baixismo neste período", afirmou, durante esta quarta-feira, a Pátria Agronegócios. E, de fato, os preços têm sentindo uma pressão a mais no mercado nacional pelo avanço das vendas, pela pressão dos prêmios - embora ainda estejam positivos - e da queda recente do dólar - apesar do fechamento positivo da moeda nesta sessão. 

"Existe um movimento normal entre o final de abril e começo de maio em que o produtor precisa pagar contas e, neste período, há uma oferta maior de soja. Dá para ver que negociamos muita soja em abril e isso faz a oferta ficar até maior do que a necessidade da demanda forte. E tivemos pressão sobre os prêmios em abril, tivemos queda do dólar e mesmo com Chicago melhor do que no mês ado, as cotações ao produtor realmente caíram", explica Vlamir Brandalizze, consultor de mercado da Brandalizze Consulting, em entrevista ao Bom Dia Agronegócio. 

"Estamos indo para a reta final de colheita e é normal a necessidade de venda. É um momento com mais vendedores do que compradores, mesmo que a China precise comprar mais do Brasil por conta da guerra comercial com os Estados Unidos. Mas, o nosso gargalo continua sendo a logística. Se tivessemos capacidade para embarcar 25 milhões de toneladas de soja por mês, certamente, estaríamos com um fluxo maior, mais navios chegandos e prêmios perto de 70, 80, 90 ou até 100 pontos acima de Chicago e não como vamos fechando abril, com prêmios entre 35 e 40 pontos", detalha Brandalizze. 

Cálculos da Brandalizze Consulting apontam que pouco mais de 60% da safra 2024/25 de soja do Brasil já foi comercializada - aproximadamente 102,5 milhões de toneladas - sendo este o maior volume histórico negociado. "E estamos em um ritmo acelerado. Em volume, comparado às demais, é o maior volume da história e o produtor aproveitou, na maior parte, em momentos em que o mercado estava melhor, os momentos de 'cavalinho encilhado', foi vendendo mais rápido este ano". 

Já segue nosso Canal oficial no WhatsApp? Clique Aqui para receber em primeira mão as principais notícias do agronegócio
Por:
Carla Mendes | Instagram @jornalistacarlamendes
Fonte:
Notícias Agrícolas

RECEBA NOSSAS NOTÍCIAS DE DESTAQUE NO SEU E-MAIL CADASTRE-SE NA NOSSA NEWSLETTER

Ao continuar com o cadastro, você concorda com nosso Termo de Privacidade e Consentimento e a Política de Privacidade.

0 comentário 176t6r