Amadurecimento precoce: mudança de cor da casca do café de verde para seco é um problema comum enfrentado pelos produtores 2r3v6v

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Mesmo com os trabalhos de colheita de café no Brasil ligeiramente abaixo do registrado no mesmo período do ano ado, até o dia 4 de junho, 28% da safra 2025/26 já havia sido colhida, conforme aponta o acompanhamento semanal da Safras & Mercado.

Em Simonésia, região montanhosa de Minas Gerais, o cafeicultor Mateus Oliveira conta que os trabalhos estão se desenvolvendo com um pouco de atraso. "Por se tratar de uma área de declive acentuado, a colheita tem que ser manual e geralmente dura uns 4 meses. Começa lá atrás, em abril e vai indo, se desenvolvendo de leve e acaba que atrasa bastante por esse esse motivo", completa. Porém, não é o atraso na colheita que está preocupando os produtores locais, mas sim o amadurecimento precoce dos grãos de café nas lavouras. 

"O que estou observando bastante é que o café está saindo do verde direto para o seco, sem esse estágio de muito período de maturação, de café maduro. A gente estava esperando a lavoura madurar e do nada madurou e está secando no pé, coisa de poucas semanas, o que não era comum. E outra coisa que está acontecendo, por ser uma região montanhosa, o normal é que cada fase do terreno amadureça em uma época. Mas, as lavouras estão madurando tudo ao mesmo tempo. Coisa que daria de um a dois meses de diferença, estão madurando todas ao mesmo tempo. Nós começamos colher em um local, mas já tem que ir colhendo em outro, porque lá já tá secando no pé também", relatou o produtor.

A mudança de cor da casca do café de verde para seco é um problema comum enfrentado pelos produtores de café. Mas, o que causa isso?

Segundo o engenheiro agrônomo e consultor em cafeicultura, Jonas Ferraresso,  os fatores que podem contribuir para essa mudança incluem surtos de doenças (como a ferrugem tardia), estresse ambiental (alta temperatura e falta de chuva), mas o desbalanço nutricional é o principal fator que pode levar a essa situação. "Durante o processo final da maturação do fruto, a planta a por um período de estresse, conhecido como dreno, onde ela utiliza todos os nutrientes e carboidratos disponíveis para finalizar a maturação. Se a planta não tiver um balanço nutricional adequado, ela pode começar a perder folhas, o que compromete a circulação de nutrientes e a maturação do fruto. Além disso, a planta fica mais suscetível a doenças e pragas, o que pode levar a uma perda significativa de produção", explicou o agrônomo.

De acordo com o José Donizeti Alves, pesquisador e professor da Universidade Federal de Lavras (UFLA), em uma escala de tempo, geralmente leva de 20 a 30 dias para que os frutos verdicana evoluam para o cereja, mas dependendo da variedade das condições climáticas e de manejo da planta, esse período pode ser alongado ou encurtado. "Atributos como cor, textura e sabor chegam a um nível mais elevado quando os frutos estão no estado de cereja. Isso indica que eles estão prontos para a colheita, ideais para a produção de café de alta qualidade. Mas, se o clima fica desfavorável, a síntese de etileno é acelerada e esse hormônio, ao invés de provocar a lenta maturação dos frutos que é altamente desejável, a a atuar com um hormônio senescente, de forma que todas as modificações morfológicas e bioquímicas que eu citei evoluam rapidamente, e os frutos ficam pouco tempo no estado de cereja e chegam rapidamente para o e seco", enfatizou o especialista. 

Para evitar esse problema, especialistas destacam que é fundamental que os produtores façam um planejamento nutricional adequado, que inclui realizar um rebalanceamento de nutrientes e fertilização durante o ciclo de produção, especialmente em janeiro e fevereiro.